o vento para conhecê-lo
o modo como soa grave
e agudo ao mesmo tempo
no alto das pedras seu
ataque se espalha difuso
nas pernas e nos braços
a sanha de arrancar o chapéu
e de esparramar teus cabelos
é o mar lá embaixo em silêncio
tuas pernas muito brancas
estranhos caules de uma árvore
cuja copa é teu frouxo vestido
tuas pernas macias e fragrantes
como o lenho ainda jovem
que o vento curva e retifica
a relva feita para teus pés
agudo e grave o desejo
não se reduz a uma melodia
ecoa meses depois
no frio e úmido e junhoso outono
enquanto alguém chora na tevê
mutada a artificial piedade
da decadente apresentadora
24/06/2014
Deixe um comentário