o tempo de homens que fingiam lutar
quebrando cadeiras uns nos outros
a voar de um dos cantos do ringue
para depois aplicar chaves e o golpe do pilão
nossa alegria reprisada nas tardes de sábado
hulk hogan e o índio apache e andré o gigante
nossos golpes também ensaiados
as almofadas espalhadas no chão da sala
salvávamos nossos personagens preferidos
invencíveis naquele arte de contar até três
o meu era o russo moscovita balacacheta
o do meu irmão o pérfido manteiga mole
em mais de um ano de brincadeiras
os dois nunca se enfrentaram
a cada perspectiva de confronto surgia
um adiamento tacitamente acordado
talvez soubéssemos que no dia dessa luta
sobreviriam apenas os golpes de verdade
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